A APTAFURG Sindicato vem, por meio desta nota, manifestar seu mais veemente REPÚDIO ao caso de racismo estrutural recentemente identificado e denunciado pelo GT Negros e Negras do ASUFPEL-Sindicato, na Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). 

O ocorrido com a servidora negra, que ingressou no quadro dos Técnicos-Administrativos em Educação através de acesso afirmativo (cotas raciais), e reprovada em seu Estágio Probatório, mesmo com um histórico de inclui excelentes notas nas avaliações iniciais (96,87% na janela global do probatório e de 91,66% no período da última etap0) recebeu um parecer final desfavorável sem que tenha sido realizada a entrevista prévia exigida por normativa institucional, fato que constitui flagrante irregularidade. 

O parecer final desfavorável, emitido após um único conceito “inadequado” em 32 meses de avaliação em período subsequente ao exercício de direitos legais decorrentes de acidente de trabalho e de doença em família e a manutenção do mesmo pela Universidade, mesmo após a Comissão Interna de Supervisão da Carreira (CIS) alertar para as inconsistências e recomendar a reapreciação do parecer, consiste em um claro caso do racismo estrutural que permeia as instituições, reproduzindo lógicas de exclusão, violência simbólica e discriminação que afetam cotidianamente a vida de estudantes, professores e servidores técnico-administrativos negros, indígenas e quilombolas. 

Esse episódio evidencia o abismo que ainda existe entre a retórica da inclusão e a realidade vivenciada por grupos historicamente marginalizados no ambiente universitário. A falácia da “democracia racial” não pode mais ocultar as barreiras institucionais, os preconceitos velados e as agressões diretas que impedem o pleno acesso e a permanência digna dessas populações na universidade pública. 

É inaceitável que, no século XXI, uma instituição federal de ensino, mantida com recursos públicos e, portanto, com o dever de ser um exemplo de equidade e justiça social, seja palco de práticas excludentes. A universidade não pode ser um espelho da sociedade excludente, mas sim um motor de sua transformação. 

Diante disso, EXIGIMOS: 

  1. Exigimos a imediata ANULAÇÃO da avaliação desfavorável e a consequente HOMOLOGAÇÃO da aprovação da servidora. A UFPEL deve corrigir esta falha histórica e garantir que o serviço público seja um pilar de direitos, não um aparato da branquitude. 
  1.  Que a Reitoria da UFPEL instaure, de forma imediata, transparente e rigorosa, uma sindicância para apurar todas as responsabilidades pelo ocorrido, com amplo direito à defesa das partes envolvidas. 
  1.  Que, confirmadas as irregularidades e responsabilidades, as penalidades previstas em lei e no regimento interno da universidade sejam aplicadas com a devida severidade. 
  1.  A instituição de programas obrigatórios de formação e capacitação em relações étnico-raciais para todos os segmentos da universidade (docentes, discentes e técnico-administrativos), combatendo a ignorância e o preconceito. 

 

Rio Grande, 01 de outubro de 2025.